domingo, 30 de junho de 2013

Breve história das conjurações e exorcismos para expulsar os Vampiros

Os antigos nos deixaram vários tipos de orações para libertar as vítimas das influências diabólicas do vampiro que gradativamente assaltam seus instintos básicos transformando-as em seres manipuláveis de acordo com sua vontade. A força das palavras evocam a ajuda divina, inimiga da besta, que recua diante da energia que flui do sacerdote ou leigo que as profere. A maioria dessas conjurações são legados deixados por religiosos que perambulavam pela Europa assolada pela peste negra e as legiões demoníacas, que venciam a batalha contra a humanidade.
Nessa época as ciências médicas não eram suficientemente desenvolvidas e sua prática se misturava a fé religiosa. Além disso, os médicos eram poucos e concentravam-se na sua maioria nas cortes aristocráticas. Por isso os frades andarilhos quando se deparavam com um caso de vampirismo, utilizavam o único meio que conheciam para libertar a vítima da sua enfermidade: A evocação das energias que compõem as forças positivas e criativas da natureza. Comprovadamente esse procedimento afasta aquele que usa a noite para no corpo alheio perpetuar a sua maldita eternidade.

Esconjurações contra Vampiros

Seguem agora algumas dessas orações traduzidas do latim. Vale frisar que foram encontradas em antigos livros em distantes mosteiros da Europa. (As orações que não estiverem traduzidas do latim devem ser lidas na sua forma original para que consiga o efeito).

Primeira esconjuração:
"Eu, com a força do Pai, absolvo o corpo que padece de tão estranho mal. Sei que isso é coisa dos parceiros do demônio que sugam na noite o vital fluído da vida. Por isso te esconjuro, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, eterno na sua glória. Volte as trevas, parceiro de lúcifer, pois nesse corpo só tem morada a verdade divina. Nós com a ajuda do Espírito Santo estamos em corrente para reconduzir essa alma, que hora padece, aos reinos da luz. Invoco com a ajuda divina, a força dos raios solares que inspiram a terra a criar o bom elemento para o nosso caminho. Venha Deus com seus auxilios por amor de misericórdia que tais homens e mulheres causadores destes males que sejam já tocados no coração para que não continuem com essa maldita vida!
Sejam comigo os anjos do Céu, principalmente S. Miguel, S. Gabriel, S. Rafael, e todos os santos e santas e anjos do Senhor, e os Apóstolos do Senhor, S. João Batista, S. Pedro, Santo André, S. Thiago, S. Matias, S. Lucas, S. Felipe, S. Marcos, S. Simão, S. Anastácio, Santo Agostinho e por todas as ordens dos santos Evangelistas, João, Lucas, Marcos, Mateus, e por obra e graça do Divino Espírito. Pelas setenta e duas línguas que estão repartidas pelo mundo e por esta absolvição e pela voz que deu quando chamou Lázaro do Sepulcro, por todas essas virtudes seja tornando tudo ao seu próprio ser que dantes tinha ou à sua própria saúde que gozava antes de ser arrebatado pelos demônios, pois eu, em nome do Todo Poderoso, mando que tudo cesse do seu desconcerto natural. Pelo nome de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo e todas as coisas aqui nomeadas sejam desligadas a volúpia sanguinária dos companheiros do demônio, seja tudo destruído: que o mando eu da parte do Onipotente, para que já, sem apelação sejam desligados e se desligem todos os maus feitiços e ligamentos e toda má ventura por Cristo Senhor Nosso. Amém."
Segunda esconjuração:

"Esconjuro-vos, criaturas excomungadas, ou maus espíritos batizados se com laços maus, atentas o caminho desse espírito. Se tua força está em édolo celeste ou terrestre, seja tudo destruído da parte de Deus, pois todo o infernorium ou toda a linguagem eu confio em Jesus Cristo, nome deleitável! Assim com Jesus Cristo aparta e expulsa da terra o demônio e todas as suas influências assim por estes nomes de N. S. Jesus Cristo fujam todos os demônios, vampiros e todos os espíritos malignos em companhia de Satanás e de seus companheiros para as suas moradas, que são nos infernos e onde estarão perpetuamente se danando. Tudo que fizeste contra essa enferma criatura fica anulado, esconjurado, quebrado, e ajurado debaixo do poder da Santíssima Trindade e do Santíssimo Sacramento do Altar. Amém.
Com toda a santidade eu vos esconjuro e degredo de volta ao mundo dos mortos, vampiros malditos, espíritos malignos, rebeldes ao meu e vosso criador. Pois eu, vos ligo e torno a ligar e prendo e amarro às ondas do mar, e que vos levem para as areias do mar coalhado, onde não canta galinha nem galo, ou para o vosso destino, ou lugares que Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, vós e seus companheiros infernais que bebem na noite a vida dos Filhos. Suas carcaças vão virar pó, e sua eternidade ficará reduzida às fronteiras dos infernos, onde reina o anjo traidor. Afastai, besta infecta e deixai que o sangue desse corpo pertencente ao Senhor purifique-se para que o espírito encontre a Glória de Jesus Cristo. Amém.”
Depois de proferida a esconjuração o sacerdote deve manter a seguinte conversação com a pessoa vitimada: "Queres que por ti?" O enfermo responde-lhe: "Sim quero". Em seguida deve se colocar de joelhos e gritar diante de um crucifixo: "Eu não sou Satanás, mas sim uma alma perdida; porém ainda tenho salvação!"

Terceira esconjuração:
"Eis a cruz do Senhor, fugi, fugi, ausentai-vos inimigos da natureza humana. Eu vos conjuro em nome de Jesus, Maria, José, Jesus de Nazaré Rei dos Judeus. Eis aqui a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fugi, partes inimigos, venceu o leão da Tribo de Judá e a raça de David. Aleluia, Aleluia, Aleluia, exaltado seja o Senhor, que com sua força e sua espada libertadora nos livre das ordas infernais que bebem nosso sangue para preservarem a eternidade dos demônios. Transformai essas bestas em pó para que na graça do Senhor possamos viver na sua Santa Paz. Te esconjuro negra criatura para que voltes a tua tumba e nela permaneça até os dias do Juízo Final. Deus dará a vida eterna somente aos justos, e os comparsas do demônio arderão eternamente. Por isso temam a cruz, e a força que representa para os Filhos do Senhor. Que a terra de onde vieram tão vis criaturas seja amaldiçoada e encerrada pela verdade divina. Dou fim a esta Santa Oração e darão fim às moléstias nesta casa pela bichação dos espíritos malígnos. Amém.”
Quarta Esconjuração
“Te esconjuro negra criatura para que voltes a tua tumba e nela permaneça até os dias do Juízo final. Deus dará a vida eterna somente aos justos, e os comparsas do demônio arderão eternamente. Por isso temam a cruz, e a força que representa para os Filhos do Senhor. Que a terra de onde vieram tão vis criaturas seja amaldiçoada e encerrada pela vontade divina.”
OBS. Esta esconjuração deve ser feita numa Sexta feira, à meia noite, com um crucifixo de prata apontado para a lua.

Exorcismo Latino
"Spiritus Dei ferebatur super aquas, et inspiravit in facien hominis spiraculus vitae. Sit Michael dux meus, et Sabtabiel servus meus in luce et per lucem. Fait verbum halitus meus; et imperabo spiritus aeris hujus, et refrenabo equos solis voluntate cordis meis, et cogitatione mentis mede et mutu oculi dextri. Exorciso igitur te, creatura aeris, per Pentagrammaton et in nomine Tetragrammaton, in quibus sunt voluntas firma et fides recta. Amen. Selah. Fiat."
Exorcismo contra vampiros
Este foi encontrado em livro muito antigo, escrito por Frei Bento do Rosário, religioso descalço da Ordem de Santo Agostinho.
"Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo. Em nome de S. Bartolomeu, de Santo Agostinho, de S. Caetano, de S. André Avelino, eu te arrenego, anjo mau, que pretendes introduzir-te em mim e perverter-me. Pelo poder da cruz de Cristo, pelo poder de suas divinas chagas, eu te esconjuro maldito, para que não possas tentar a minha alma sossegada. Amém."
(Deve ser rezada três vezes acompanhada do sinal da cruz sobre o peito.)
A oração que se segue tem importância para algumas combinações cabalísticas capaz de libertar um enfermo atacado pelo vampirismo e também de outras peripécias dos parceiros do canhoto.
"Imortal, eterno, inefável e santo Pai de todas as coisas, que de carro rodante caminhas sem cessar por esses mundos que giram sempre na imensidade do espaço dominador dos vastos e imensos campos do éter; onde ergueste o teu poderoso trono, que desprende luz e luz, e de cima do qual teus tremendos olhos descobrem tudo e teus largos ouvidos tudo ouvem! Protege os filhos que amaste desde o nascimento dos séculos porque longa e eterna é a sua duração. Tua majestade resplandece acima do mundo e do céu das estrelas! Tu te elevas a ti mesmo pelo próprio resplendor, saindo da tua essência correntes inesgotáveis de luz, que alimentam teu espírito infinito! Este espírito infinito produz todas as coisas e constitui esse tesouro imorredouro de matéria que não pode faltar à geração que ela rodeia sempre pelas mil formas de que se acha cercado, e com a qual se revestiste e encheste deste o começo. Deste espírito tiram também sua origem esses santíssimos reis que se acham de pé ao redor do seu trono e que compõe sua corte, ó Pai universal! Ó único Pai dos bem aventurados mortais e imortais! Tu tens, em particular poderes que são maravilhosamente iguais ao teu eterno pensamento aos anjos, que anunciam ao mundo tuas vontades. Finalmente tu criastes mais uma terceira ordem de elementos. A nossa prática de todos os dias é saudar-Te e adorar tuas vontades. Ardemos em desejo de possuir-Te! Ó Pai! Mãe! Terna Mãe, a mais terna Mãe, a mais terna de todas as mães! Ó filho, o mais carinhoso dos filhos. Ó formas de todas as formas! Alma, espírito, harmonia, nomes e números de todas as coisas, conserva-nos e se nos propício. Amém."

Para Livrar uma casa das tentações dos vampiros:

"Eu vos conjuro, vampiro rebelde, habitante e arruinador desta casa, para que sem demora nem pretexto algum desapareçais daqui, dissolvendo todo malefício que vós ou vossos ajudantes tenhais feito; por mim, eu o dissolvo, contando com a ajuda de Deus e dos espíritos de Luz, Adonay e Jehovah. Eu vos ligo ao formal preceito de obediência a fim de que não possais permanecer nem voltar nem enviar outros para perturbar esta casa, sob pena de serdes queimado eternamente com fogo de pez e incenso derretido".

Em seguida, benze-se a casa com água benta fazendo cruzes em direção à paredes com uma faca de ponta, nova e de cabo branco, dizendo:
"Eu te exorciso, casa, para que sejas livre dos vampiros tentadores que aqui vierem morar". Amém.


Oração aos Quatro para afastar vampiros de sangue
"Caput mortuum imperet tibi Dominus per Adam lotchavah! Aquila errans, imperet tibi Dominus tetragrammaton per Angelum et leonem!

"Michael, Gabriel, Raphael, Anael!
"Pluat udor per spiritu Elohimm. Maneat Terra per Adam, Jatchivah. Fiat Jadictum per ignem in virtude Michael".
Vampiro dos olhos mortos, obedece ou somente com esta água santa!
Touro alado, trabalha ou volta à terra, se não queres que te aguilhoe com esta espada!
Águia acorrentada, obedece a este signo ou retira-te diante deste sopro!
Serpente móvel, arrasta-te a meus pés ao sê atormentada pelo fogo sagrado e evapora-te com os perfumes que queimo nele!
Que a água volte à água, que o fogo queime; que o ar circule; que a terra caia na terra pela virtude do pentagrama escrito no centro da cruz luminosa!... Amém.”


Ladainha Latina contra vampiros

Kyrie eleison.
Christie eleison.
Sancta Maria. Ora pro nobis.
Sancta Dei Genitrix. Ora pro nobis.
Sancta Virgo Virginum. Ora pro nobis.
Sancte Michael. Ora pro nobis.
Sancte Gabriel. Ora pro nobis.
Sancte Raphael. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Angeli e Archangeli. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Beatorum Spiritum Ordinis. Ora pro nobis.
Sancte Petre. Ora pro nobis.
Sancte Paule. Ora pro nobis.
Sancte Jacob. Ora pro nobis.
Sancte Joannes. Ora pro nobis.
Sancte Thomas. Ora pro nobis.
Sancte Philippe. Ora pro nobis.
Sancte Bartholomae. Ora pro nobis.
Sancte Simon. Ora pro nobis.
Sancte Thadeu. Ora pro nobis.
Sancte Mathie. Ora pro nobis.
Sancte Barnabé. Ora pro nobis.
Sancte Marce. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Apostoli et Evangeliste. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Discipulo Domini. Ora pro nobis.
Sancte Vicente. Ora pro nobis.
Sancte Laurente. Ora pro nobis.
Sancte Estephene. Ora pro nobis.
Sancte Fabiane e Sebastiane. Ora pro nobis.
Sancte Gervase et Protase. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Martyres. Ora pro nobis.
Sancte Silvestre. Ora pro nobis.
Sancte Gregore. Ora pro nobis.
Sancte Ambrose. Ora pro nobis.
Sancte Agostino. Ora pro nobis.
Sancte Hieronyme. Ora pro nobis.
Sancte Nicolae. Ora pro nobis.
Sancte Martine. Ora pro nobis.
Sancte Bernarde. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Pontifices et Confessores. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Doctores. Ora pro nobis.
Sancte Benedicte. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Monarchi et Eremitae. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Sacerdotes et Levitae. Ora pro nobis.
Sancta Maria Madalena. Ora pro nobis.
Sancta Agatha. Ora pro nobis.
Sancta Lucia. Ora pro nobis.
Sancta Cecile. Ora pro nobis.
Sancta Catharina. Ora pro nobis.
Sancta Anastacia. Ora pro nobis.
Omnes Sancti Virgines et Vinduce. Ora pro nobis.
Omnes Sancti et Sancte Dei, Interdicedite. Ora pro nobis.
Proptius esto. Parce, Domine.
Ad omni pecat. Libera-nos.



Oração para a Meia Noite
“Ó Anjo da minha guarda,
Nesta hora de terror,
Me livre das más visões.
Do vampiro aterrador.
Deus me ponha a alma em guarda.
Dos perigos da tentação,
De mim aparte os maus sonhos.
E opressões do coração.
Ó anjo da minha guarda,
Que me preserve dos vampiros,
Por mim pede à Virgem Mãe,
Enquanto for vivo: Amém.”


Para se Livrar dos Vampiros que nos Atormentam durante o sono

À meia-noite em ponto duma Terça-feira, parai diante duma igreja, daí três pancadas com os nós dos dedos à porta principal, e dizei em voz clara, porém não muito alta:
"Almas do Purgatório! Em nome de Deus e da Santíssima Trindade, vinde comigo!"
Daí três voltas em torna da igreja, mas tomai cuidado em não olhares para trás. Dadas as três voltas, rezai um padre-nosso e uma ave-maria diante da porta principal e retirai-vos.
Fazei isto nove treças-feira seguidas, e na última as almas perguntarão:
 "Que desejai que vos façamos?"
Pedireis então que os vampiros e os morcegos que te atormentam à noite desapareçam. Não deveis mostrar medo em nenhum momento da cerimônia, e também não deveis olhar para trás, como fica recomendado acima.

Para livrar alguém da perseguições dos Vampiros

Os que se crêem perseguidos por vampiros devem pintar numa tela esses vampiros, ou desenha-los num papel. Uma vez pintados ou desenhados, os vampiros ficam presos, e deixam de importunar os seres humanos. Quem tiver habilidade para pintar ou desenhar deve aproveitar essa habilidade para livrar-se dos vampiros que sugam o nosso sangue durante à noite.

Para que os Vampiros não nos incomodem

Se sois perseguidos pelos vampiros, deveis limpar a cabeça de todo mau pensamento. Não penseis mal de ninguém; não faleis mal de ninguém, nem mesmo de vossos inimigos. Quando vos lembrardes de um morto, rezai três ave-marias. Não mostreis inquietação, porque bem pode ser que os vampiros não sejam realmente maus, ou então que desejam, e se não disserem, mandai-os com bons modos que vão para o lugar donde vieram. Eles irão, porque nada podem fazer com os vivos, exceto se estes se deixarem dominar por eles. Rezai um padre-nosso e uma ave-maria e atirai um pouco de incenso ao braseiro segurando na mão esquerda uma cruz de prata.
Outro processo consiste no seguinte: nos dias ímpares, rezai três ave-marias, e enquanto estiverdes rezando cravai um punhal de prata na cabeça de um alho.
Tirado de “Manual Prático do Vampirismo” de Nelson Liano Jr.

Vampiros :Viagem astral, duplo etérico e corpos sutis

A primeira morte se dá nos domínios de Demeter, a
segunda tem lugar no além, nos domínios de
Perséfone. A primeira é brutal e violenta, a segunda
lenta e suave.
Plutarco

Para entender melhor o fenómeno do vampirismo e como se processam seus ataques, iremos abordar os corpos sutis e a anatomia oculta dos seres humanos.
Não se trata em absoluto de uma novidade; a acupunctura e seus meridianos, o Yôga e o processo de evolução através dos chacras se valem da anatomia oculta há milénios.

Grosso modo, seria o corpo energético ou psicossomático, através do qual podemos entrar em contacto com outras realidades, entre outras coisas.
Estes corpos ficaram muito mais conhecidos nos últimos anos, com a popularização da técnica chamada viagem astral, que, creio, o leitor conhece ao menos em tese. Na viagem astral ou projecção da consciência, o corpo físico fica em repouso e o corpo astral é lançado. Todas as pessoas têm essa capacidade, umas mais naturalmente que outras, mas isso pode ser melhorado através do emprego de determinadas técnicas. Como já dissemos, não há nada de novo na viagem astral, e toda noite nos projectamos, a maioria das pessoas inconscientemente.

As reuniões ou sabás das bruxas eram feitos dessa forma, daí a capacidade de “voar”; a viagem astral não se restringe aos praticantes da Arte dos Sábios (bruxaria); xamãs, magos e yogues se valeram da viagem astral consciente para o seu aprendizado. A glândula pineal tem um papel importante na fenomenologia oculta — muitos viajantes astrais acham que esta glândula é a porta, ou, se preferirem, o “lançador” do corpo astral. De médico e louco todos temos um pouco, o praticante de magia em especial.
Os fenómenos paranormais muitas vezes causam uma ruptura com a pseudo-realidade, levando o iniciado a ser dado como louco.

O sahasrara chacra tem uma relação especial com a pineal; o objectivo da ascensão da kundalini, a iluminação, é conseguido ao se elevar a energia ígnea (kundalini) até esse chacra. As pessoas que passaram por esse processo narram tanto as maravilhas como os gigantescos terrores; a mente e a realidade se tornam irreais e uma nova realidade se descortina, lembrando que mesmo esses estados fantásticos não são o objectivo último. Os quatro elementos são chamados pelo espírito para uma dança de roda, e este está no centro — a dança de Shiva.

A fogueira acesa crepita vários metros, o som do ar e do fogo enche nossos ouvidos, e a natureza ganha vida, tudo é vivo, e estamos em tudo. Quântico, energia, mares de energia, nas mais variadas formas.
Êxtase infinito, o corpo treme como nos estertores da morte, mas ela é nossa amiga, o derradeiro portal; juntas, de mãos dadas, as irmãs vida e morte caminhantes rumo ao eterno. O medo, o terror, uma criança que nasce, uma nova realidade milhões de vezes mais abrangente.

Seres espectrais, como demónios, elementais negros ou Asuras se aproximam. Mas o que eles podem contra nós? São nossos irmãos, no seio da mãe cósmica. Um vôo ao eterno, a sensação é de vertigem, não há palavras para descrever o inefável. Mandalas tridimensionais, infindáveis, girando, girando, somos recebidos por Ch’ien, o Dragão cósmico, o criativo. O ser atemporal, infinito, tudo sei, tudo posso, sou uma criança e um velho. Mas vem a saudade do ser encarnado, limitado no tempo e no espaço, e é o momento de voltar.

O vampirismo está associado à magia e à bruxaria em todo o mundo. Um praticante de magia em vida, na morte pode se tornar um vampiro, ou mesmo estando vivo pode se valer da projecção astral (duplo etérico) para drenar energia dos vivos. Antes de prosseguirmos neste ponto, faz-se mister trazer à baila um outro conceito, a energia prânica.

Prana é a energia do Sol; ela é encontrada em todos os seres. É fundamental para a manutenção da vida. Para absorver a energia prânica usamos o duplo etérico, que é um elo de ligação entre o físico denso e o corpo astral (nota: todos esses corpos são físicos, na verdade não há diferença entre físico e espiritual, são níveis diferentes da mesma coisa; para melhor compreender isso, usemos a teoria da relatividade, onde a matéria equivale à energia). A função do duplo etérico é captar a energia prânica durante o sono. Duplo etérico é prana maya kosha, ou o veículo do prana.

Em projecções longas, o corpo físico fica em catalepsia, como um cadáver, a respiração e os batimentos cardíacos caem a níveis mínimos. Tanto é que alguns projectados já foram dados como mortos.
Os iogues conseguem levar essa prática às ultimas consequências; são enterrados vivos por semanas, enquanto seu corpo astral vaga e ajuda a manter o físico. Não esquecendo, é claro, os pranayamas e a meditação profunda.

Um faquir, na Índia, foi enterrado por um mês (!) sob a supervisão de Sir Claude Wade. O faquir foi lacrado em uma caixa, e a chave dada a Sir Claude. Ficou enterrado dentro de um túmulo de alvenaria e coberto de terra. Guardas ficaram a postos pelos trinta dias.
Transcorrido o prazo, ele foi desenterrado.
Aparentemente estava morto, mas foi desperto pelos seus companheiros.

O duplo é o responsável pelo ectoplasma e grande parte da fenomenologia espírita, ou seja, ele propicia materializações, ruídos e toda a sorte de manifestações.

Os médiuns, após as sessões de materialização, ficam extenuados; ao que tudo indica, muito da sua energia é gasta na materialização, mais um motivo para que os magos negros se valham do vampirismo para abastecer-se de energia.

Outro fato relevante é que os médiuns apresentam alguns sintomas das vítimas de vampirismo, mas de forma alguma esse fenómeno se restringe ao dito espiritismo. Qualquer mago que tenha conseguido uma materialização saberá o desgaste advindo, talvez menor que no caso dos médiuns, mas da mesma forma presente.

Z. T. Pierart, um espiritualista francês e editor da revista La Spiritualiste, foi um opositor do espiritismo e das idéias de Kardec. Achava que o vampiro era o corpo astral de uma pessoa enterrada viva, que usava o vampirismo sobre seu corpo enterrado para se manter vivo por mais tempo. Magos experientes podem adensá-lo (materializando-o), e isto pode ocasionar um fenómeno chamado repercussão, sobre o qual muito se falou. Uma bruxa está materializada (duplo etérico). Se por acidente ela se fere, esse ferimento pode ser transmitido ao corpo físico.

Os relatos desse tipo são inúmeros, e a literatura do ocultismo está cheia deles, sem falar que o duplo podia tomar formas variadas, daí a licantropia e a capacidade do vampiro de se metamorfosear em vários seres. Para os ciganos alemães o Vampiro deixava seu esqueleto na tumba; daí vem a crença de que os Vampiros não têm ossos. Possivelmente o duplo materializado tinha uma constituição sólida, mas de uma solidez diferente da matéria vulgar. Toda noite o duplo absorve a energia prânica do ambiente. Esse fato é deveras contundente, basta para tanto imaginar que todos os seres ao dormir estão se nutrindo dessa energia. Quando, por algum motivo, esse prana é absorvido de outro ser, temos o vampirismo.

Lembrando que o prana no corpo humano se concentra em especial no sangue! No capítulo II, falamos de uma crença na Roménia de que Vrykolakas são almas de pessoas que saem à noite para alimentar-se da energia do Sol e da Lua. Elas lembram, fisionomicamente, os suspeitos de Vampirismo. Esse relato é uma prova bastante forte a respeito do porquê do fenómeno do vampirismo.

Indagar o porquê do vampirismo nos traz uma infinidade de motivos. O morto-vivo é talvez o mais facilmente explicável, pois a morte romperia a capacidade normal de absorção de prana, e isso se torna premente em espectros presos à terra, para que não sofram a segunda morte. O caso do vampiro vivo é mais complexo; de certa forma, são pessoas de índole vampírica, que tem sua expressão das mais variadas formas, como jogos de poder, sadismo, fins mágicos, ajuste de contas, sexo, etc. Lembrando que estamos falando de projecção astral, e não do que poderíamos chamar de sanguessugas energéticas, aquelas pessoas que nos deixam extremamente cansados após o contacto com elas.

Distúrbios nos corpos sutis podem ocasionar o vampirismo, mesmo sem a pessoa ter consciência do que faz. Para os reencarnacionistas, vícios de vidas passadas podem ser uma motivação. Obsessão seria outra fonte: entidades agiriam como “más companhias” para a pessoa. A gama de hipóteses é gigantesca; coloquei aquelas com que entrei em contacto ou que são bastante lógicas partindo dos conhecimentos que disponho.

Collin de Plancy, em seu Dicionário Infernal, menciona que os Vampiros podiam ser animados pela luz da Lua, para daí sugar os vivos. A alquimia interior também é trabalhada pelo uso da anatomia oculta do homem. Ela visa, entre outras coisas, o elixir da longa vida. Um mantenedor da juventude, a escola tântrica taoísta, é uma das que trabalham com essa fórmula. Na verdade, esse elixir é feito com os próprios fluidos humanos — o recipiente, a retorta e o alambique alquímico são o corpo. Grande parte do emprego da energia nas artes marciais é advinda dessa escola e, para não ficarmos tão longe da nossa realidade, Hélio Gracie, que pode ser chamado de pai do estilo Gracie de Jiu-Jitsu, é um praticante dessa técnica.

A ligação do vampirismo com a sexualidade é proverbial, inclusive há vários relatos da actividade sexual intensa de alguns vampiros, sendo que entidades vampíricas das mais diversas culturas têm um grande interesse na energia sexual dos humanos.

Para os chineses, o ser humano tinha dois corpos sutis. Um deles era irracional e selvagem, e o outro, racional e composto pelos aspectos superiores da psique. O corpo etérico superior poderia viajar pelas imediações. Se algo ocorresse a esse corpo, seria automaticamente transmitido ao físico. O corpo etérico, às vezes, tomava a forma de algum animal, o que nos faz lembrar do xamanismo e seus animais de poder. O corpo físico inferior, chamado pelos chineses de P’o, após a morte, em alguns casos se mantinha ligado ao físico, noutros existia como cascarrão e não se desintegrava. Se persistisse nessa situação, se tornava um Chiang-Shih, ou seja, um vampiro. Essa crença chinesa, muito sofisticada, tinha ainda um detalhe: o hun ou alma superior encarnava no momento do nascimento. Há uma crença bastante difundida no ocultismo de que a encarnação se dá quando os pulmões se enchem de ar pela primeira vez. Parte daí o fato de o mapa astrológico ser feito com a hora do nascimento, e não da concepção.

O feto só teria o P’o ou alma inferior, vale salientar, e por isso estão amplamente relacionados ao vampirismo os natimortos e todos os óbitos advindos de problemas de parto. Este é um tema deveras interessante, e pouco conhecido, mesmo no espectro de temas do ocultismo. O P’o não necessita do corpo inteiro; basta-lhe uma parte do esqueleto ou, melhor ainda, o crânio.

O interessante é que os egípcios tinham uma compreensão idêntica, e não só eles, várias outras tradições (o culto do vodu, por exemplo). De acordo com convicção do vodu haitiano, toda pessoa tem duas almas: quando uma pessoa morre, uma das almas segue para o céu. A outra alma fica nas proximidades do cadáver, ou vagando pelo mundo. A alma que vaga é chamada no vodu de zumbi, que pode ser a alma de alguém que teve morte violenta, um adolescente, ou uma pessoa que por qualquer motivo não teve os ritos fúnebres.

Os egípcios tinham o Ba e o Ka, sendo que a unificação dos dois venceria a morte, tornando a pessoa imortal, a quem nós interpretamos como sendo um iluminado. Este fato era simulado ritualisticamente na entronização do Faraó como governante do baixo e do alto Egipto. Sendo que ele unia em si através deste ritual Seth e Hórus, havia uma peregrinação até Ombos, santuário de Seth, e a Edfu, templo de Hórus. A alma da escuridão e a alma da luz, Seth e Hórus, Crowley os representa pelas divindades Hoor-Paar-Kraat e Ra-Hoor-Khuit — um é a sombra, a escuridão, o outro, a Luz, o Sol. Para a cabala Nephesch e Ruach, respectivamente (isso será mais bem explicado no capítulo referente à cabala). Os egípcios tinha um cuidado todo especial com o morto, tanto que uma série de preparativos era feita no sepultamento.

Após a morte, o duplo do morto voltaria até o corpo, saciaria-se com as oferendas de alimentos, e estaria amparado por toda a sorte de coisas que teve em vida ou símbolos religiosos. As pinturas e estátuas eram representações que visavam apaziguar o morto do choque decorrente da morte, e consolá-lo. De forma alguma isso se restringiu ao Egipto; no Leste Europeu, pequenas estátuas do sexo oposto do morto eram colocadas por vezes no caixão. Por toda a história, temos os enterros colectivos, nos quais uma figura de poder se fazia acompanhar por toda uma corte, incluindo a viúva, costume praticado até hoje na Índia.

O Leste Europeu tem crenças similares; os sérvios acreditam que o Vampiro tem dois corações e, por causa disso, duas almas. Essa crença também é comum à Roménia. Na Eslováquia, dizia-se que o vampiro tinha um coração extra, sede real de sua vida.

Muldoon, um dos maiores viajantes astrais de todos os tempos, menciona que o que faz uma alma ser presa é a loucura, o desejo, o hábito e o sonho. Ele derruba por terra a idéia moralizante a respeito dos espíritos presos à terra, já que são as condições angustiantes da morte que motivam esse fato, não o carácter do defunto. O trauma da morte é reencenado inúmeras vezes após o óbito, daí grande parte das assombrações. Fechando o leque, vários Vampiros tiveram morte violenta, e por isso se tornaram vampiros, uma alternativa para se abastecerem de energia.

Muldoon também fala que o cordão etérico e a mente supraconsciente produzem grande parte das manifestações, sejam elas os movimentos de objectos ou a descoberta de coisas ocultas. Ou seja, uma pessoa pode assombrar uma casa, receber espíritos e mais uma infinidade de coisas graças à sabedoria atemporal que reside dentro de si mesma. Muldoon menciona Eusapia Paladino, uma médium que conseguia tocar um instrumento musical pelo simples dedilhar, mesmo ele estando a dois metros de distância. Por algum tempo, ela o fazia no ar, mas após breves minutos isso era transmitido ao instrumento. Muldoon dá um exemplo explicando essa capacidade, que para o nosso estudo é deveras importante. Ele compara a capacidade mediúnica a um cachorro dormindo, que sonha que caça uma lebre. Sonha tão intensamente que o fantasma do cão pode apanhar uma lebre no campo e matá-la. Dá muito que pensar esse exemplo. As viagens astrais são motivadas na sua maior parte por factores subconscientes; dessa forma, os vários aspectos da vida têm um peso no condicionamento da viagem astral. Fome, frio e preocupação podem gerá-la.

O sexo também é um dos grandes motivadores da viagem astral. Em uma de minhas primeiras viagens com emprego de técnicas, deu-se dessa forma. Encontrei uma amiga no astral e conversamos um pouco. Ao despertar no outro dia, fui ao encontro dela sem falar-lhe nada. A primeira coisa que ela me contou foi o sonho que teve comigo e a nossa conversa, cujos temas tinham sido coincidentes.

Na Grécia antiga havia o costume de colocar-se uma moeda na boca do morto, uma taxa para ser paga ao barqueiro Caronte. Caso isso não fosse feito, a pessoa morta seria condenada a vagar, não podendo entrar no reino dos mortos. Caronte era quem fazia a travessia do Estige, o rio odioso, que separava o reino dos vivos do reino dos mortos, presidido por Hades. Essa crença permanece viva até hoje entre os camponeses gregos, de uma forma modificada. Nela, Caronte é senhor da morte, fantasmas e sombras.

O mais interessante em tudo isso é que a moeda naquela época estava associada a algum pentáculo mágico, e era colocada na boca justamente por ser por onde o espírito entra no nascimento, e sai, na morte. Dessa forma, o defunto estaria livre de ter seu corpo (seja o físico ou o duplo) possuído por outro ser. Tanto é assim que uma adulteração posterior colocava hóstia cristã na boca do defunto, nítida adaptação do saber ancestral. Muitas dessas moedas são cunhadas nos dias de hoje com os mesmos símbolos usados nas casas para impedir a entrada do vampiro.

Em alguns locais da Europa, há uma crença que reforça o uso do duplo etérico na actuação do vampiro: pessoas que nascem com uma membrana cobrindo suas cabeças são vampiros em potencial. Estes recebem o nome de Kudlak, e reza a tradição que suas almas abandonam seus corpos em forma animal para atacar suas vítimas ou lançar sortilégios mágicos sobre a cidade onde vive. Após a morte, são ainda piores. Mas há uma outra possibilidade: o bebé pode vir a tornar-se um Kresnik, que sairá de seu corpo à noite, mas para lutar contra os Kudlak e contra os mortos-vivos em geral.

Um fenómeno muito curioso é a combustão espontânea: estudos revelam que os alcoólatras e as senhoras obesas de meia idade são os candidatos a ela. A vítima queima sem explicação aparente, e nem peritos, legistas ou policiais encontram explicações. O mais estranho é que muitas vezes a roupa do morto se mantém intacta, e objectos ao redor também, apesar de ser bem sabido que, para incinerar o corpo humano, são necessárias altas temperaturas que tecnicamente destruiriam tudo à sua volta. Aparentemente, esse fogo brota do interior da vítima, uma implosão ígnea.

Incluo este tópico devido ao fato de os vampiros em muitos relatos serem destruídos pela luz do Sol, sendo consumidos em chamas; na casuística vampírica, há também combustão em alguns casos de estaqueamento. O trabalho de ascensão da kundalini pode provocar o despertar de capacidades como a clariaudiência, a clarividência, entre outros. Uma parte importante no trabalho com a kundalini é a dos nadis; são canais de energia que existem no corpo humano, os mesmos da acupuntura.

O central chama-se sushumna; ele está no centro do corpo, mais precisamente na coluna vertebral. Vai do muladhara chacra, na base da espinha, até o sahasrara chacra, no alto da cabeça. Além desse canal central existem outros dois canais, Pingala e Ida, solar e lunar respectivamente. Pingala, do lado direito do corpo masculino, dinâmico e racional; Ida, do lado esquerdo do corpo feminino, intuitivo, emocional associado ao rio sagrado Ganges. Esses canais são conectados às narinas, só que invertidos, ou seja, Pingala na narina esquerda e Ida na direita.

Na circulação sanguínea, o sangue arterial é solar, o venoso é lunar, e podemos levar isso aos dois princípios: a alma solar e a lunar. Curiosamente, o Pingala tem sua localização no umbigo, e Ida, no centro da cabeça (alguns o colocam no palato).

Uma história ocorrida em uma vila da Bulgária nos fala sobre um vampiro que ilustrará as explicações anteriores. Um rapaz chega até a vila, casa-se com uma moça e leva aparentemente uma vida normal. Durante sua estada, o local foi palco de estranhos ataques: cavalos e bois estavam morrendo, e não havia sangue neles. A mulher do rapaz notava sua ausência todas as noites, e ele voltava somente ao amanhecer. Os boatos das saídas noturnas do rapaz se fizeram conhecer pela comunidade, e um grupo foi até sua casa e o prendeu. Examinado, foi constatado que apenas uma das narinas era utilizada. Foi levado até o alto de uma colina e queimado vivo.

Alguns relatos de vampirismo mencionam esse aspecto de uma única narina sendo utilizada. Muito possivelmente, o vampiro está vinculado apenas à corrente lunar. O fato em si levanta uma série de indagações, e nos leva a uma observação: a de que o vampirismo está intimamente ligado ao feminino, e às energias a ele relacionadas, sendo o fenómeno do vampirismo um desequilíbrio entre as duas energias, feminina e masculina, lunar e solar, Seth e Hórus, etc.

O Bardo Thodol, O Livro dos Mortos Tibetano, é um compêndio de técnicas para a boa morte, cujo objectivo seria conduzir o moribundo a vencer a Roda do Samsara, o ciclo de nascimentos e mortes. Ele principia com técnicas que visam fazer com que o moribundo veja a luz clara e liberte-se, e caso ele não consiga isso nos primeiros dias, a partir do oitavo ele travará contacto com as divindades irritadas, também chamadas de bebedoras de sangue. O curioso é que são as mesmas divindades benevolentes, mas sob um novo aspecto.

O mais curioso ainda é que medo e fuga não são a saída, mas sim se fundir a elas, encará-las como princípios divinos de grande sabedoria, e dessa forma o estado búdico é alcançado. O Livro dos Mortos Tibetano, Bardo Thodol, nos fala que devemos homenagear essas divindades bebedoras de sangue em vida, para que possamos estar acostumados com elas na morte. E vai mais longe: mesmo os que viverem de forma imperfeita alcançarão a salvação se conseguirem assimilar esse princípio, e mais manifestações físicas de sua superação se farão presentes no momento de sua morte, e visíveis a todos. Para imaginarmos como era a visão dessas divindades bebedoras de sangue, descreveremos a que surge no nono dia após a morte.

A divindade chama-se Bagavã Vajra Heruca, tem três rostos, seis mãos, quatro pés. Em uma das mãos, segura um escalpelo, em outra, um dorjê, e nas demais mãos, uma clava, um sino, uma relha e mais um escalpelo. Junto a ele está Vajra Satva, a Mãe, que leva até a boca de Bagavã Vajra Heruca uma taça cheia de sangue. Para o budismo os deuses eram seres poderosos, mas nem por isso deixavam de ser ilusão. Ou seja, seus princípios deveriam ser absorvidos e transcendidos.

Ler o Líber DCCCXIII Vel Ararita, de Crowley, nos leva à experiência directa; ele se defronta com todas as divindades, e sabe que todas são Maya, ilusão, etapas no caminho, não o fim da jornada. Uma das máximas thelêmicas é: “Não há deus a não ser o homem”, e se pensarmos no budismo tibetano e no conceito de Buda, ou seja, desperto, iluminado, aquele que sabe, ele é humano, um humano que expandiu as fronteiras do si mesmo. Um homem que se tornou mais que todas as divindades, indo à causa de todas elas e sendo sua causa.

Vampiros: Alguns Casos da Existência deles


De todos os casos de vampirismo, um dos mais alarmantes é o de Arnold Paul, um veterano da guerra da Turquia. Ele nasceu em Medvegia, Império Austro-húngaro. Na guerra, foi atacado por um vampiro. Seguiu o vampiro até o cemitério, onde o destruiu, comeu terra da sepultura como método preventivo e, se funcionou em vida, na morte não teve efeito algum. Dom Augustine Calmet menciona em seu livro: “Arnold Paul havia contado uma história reiteradamente; ele havia sido atacado por um vampiro turco, nas imediações do bairro Cassanova, na época pertencente à Sérvia Turca. Estes que haviam sido vampiros passivos durante a vida, se tornavam activos após a morte. Arnold Paul pensou haver se curado comendo a terra da sepultura.”

Ao voltar à sua cidade (1727), estabeleceu-se como agricultor. Algum tempo se passou e ele veio a falecer. Após a sua morte, vários ataques a humanos foram registrados. Paul foi visto várias vezes, e pessoas sonhavam com ele. O que torna esse caso mais interessante é a onda de vampirismo que se seguiu a ele, e a ampla documentação feita por especialistas, narrando os desdobramentos advindos, e as pessoas envolvidas. Quarenta dias após sua morte, seu corpo foi desenterrado por cirurgiões do Exército e se encontrava num estado similar à vida. A tez estava rosada e, ao ter o corpo perfurado, o sangue jorrou. Seu corpo foi estaqueado, quando soltou um forte grito. Foi em seguida decapitado e queimado. Outras quatro pessoas atacadas por ele tiveram igual fim.

Algum tempo depois, vários casos de vampirismo apareceram na mesma região. O Imperador austríaco instaurou um inquérito presidido por Johannes Fluckinger, cirurgião de regimento campestre. Essa nova epidemia teve início com a morte de uma mulher de sessenta anos chamada Miliza. Logo após, mais dezassete mortes aconteceram, o que levou os oficiais médicos até lá. Essa onda de vampirismo varreu a comunidade. Uma moça de nome Stanoicka teve um pesadelo no qual era atacada por um rapaz de dezasseis anos chamado Millo. Stanoicka teve a garganta estrangulada por Millo em seu sonho, e após isso caiu enferma, morrendo logo em seguida. Possivelmente Miliza havia comido carne de uma rês morta por Arnold Paul cinco anos antes, e sua morte estava desencadeando nova onda de vampirismo.

Fluckinger ordenou que os moradores desenterrassem todos os que haviam morrido durante a epidemia. Os oficiais autopsiaram os suspeitos, e para ter certeza outros corpos mortos nesse mesmo tempo e enterrados nas mesmas condições foram desenterrados e também autopsiados para proceder comparações. Dos quarenta corpos, dezassete estavam anormalmente conservados e, claro, os de Miliza, Stanoicka e Millo faziam parte destes. Os três corpos, juntamente com os restantes, pareciam estar em um estado de animação suspensa. Na autópsia, foi detectado um estado de semi-vida, total ausência de rigor mortis, pele rosada e lustrosa. Mas o mais impressionante foi o estado dos órgãos internos, irrigados de sangue e intactos, lembrando que a autópsia foi conduzida por médicos treinados e experientes. Importante lembrar também que essa história ocorreu em pleno Iluminismo, e o Império Austríaco era um dos mais avançados do mundo. Tanto foi alarmante o caso que todos os corpos em que a autópsia detectou o vampirismo foram estaqueados, decapitados e queimados por ciganos contratados. Suas cinzas foram jogadas no rio Morava. O caso teve repercussão internacional, saindo manchetes em todo o mundo. Um relatório de Fluckinger foi publicado em 1732 a mando do Imperador. A partir daí a palavra vampiro foi anexada ao vocabulário mundial.

Podemos dar uma gama de explicações científicas — físicas, biológicas e médicas — para o estado dos corpos. Mas o curioso é que, por mais que essas teorias possam estar correctas, o que permanece sem explicação é o porquê de as pessoas sonharem justamente com aquelas dos corpos incorruptíveis, e morrerem logo após o sonho — e tudo em uma única aldeia, no epicentro de vários outros casos.

Um outro Vampiro surgiu depois (1732), em uma aldeia a poucos quilómetros dos casos já mencionados. Peter Plogojowitz, depois da sua morte, surgiu em sonho para várias pessoas. Logo após, nove pessoas morreram de causa desconhecida, incluindo seu próprio filho. Seu corpo foi exumado. Sangue escorria pela roupa, seus olhos estavam abertos, dando a aparência de que estava apenas repousando e não morto. Foi queimado. Logo após isso, os problemas cessaram.

Há um caso no Estado de Goiás, onde um homem conhecido por sua maldade e outros atributos negativos, após sua morte foi protagonista de uma série de eventos fantásticos. O coveiro informou a família que a sepultura do referido senhor havia sofrido várias rachaduras, e sons estranhos eram ouvidos. Algumas pessoas viram o defunto preambulando pela cidade. A apoteose desse relato se dá quando uma parenta do defunto escuta uma algazarra no quintal, mistura dos cacarejados das galinhas e do latido furioso dos cães, e ao abrir a janela se depara com uma cena terrificante, um ser meio homem meio animal se alimentava do sangue de uma das galinhas. Outras já haviam servido a seu banquete. Mesmo com o asco ante o que ocorria, ela consegue divisar naquele ser o seu parente de outrora. Esse fato se deu em pleno século XX.

A Inglaterra também protagonizou algo semelhante. No século XII, o sangue comummente encontrado no corpo do suspeito vampiro era atribuído às suas vítimas. Um dos casos mais antigos, narrado por William de Newbury, versa sobre o corpo de um cavaleiro que ao ser exumado estava corado, e repleto de sangue, sem sinais de decomposição, apesar de parcialmente devorado (possivelmente um ato autofágico, fato este que será mais bem abordado no capítulo “Múmias, Egito e alimentação post-mortem”). Newbury chama o cavaleiro de sanguessuga, não usando o nome vampiro, desconhecido na Inglaterra naquela época. Este homem teve morte violenta ao tentar espionar sua esposa adúltera. O morto foi visto vagando pela cidade, e uma peste abateu-se sobre a comunidade. Seu corpo foi queimado, e como por milagre a epidemia desapareceu. Somente em 1823 a Inglaterra aboliu a lei que mandava estaquear os suicidas.

Um fato curioso em relação ao fenómeno vampírico é a “morte violenta”, em especial o suicídio. Isso casa perfeitamente com as causas que determinam almas presas à terra após a morte. (Vide o capítulo “Viagem astral, duplo etérico e corpos sutis”).

Um caso bastante curioso foi o de Johannes Cuntius. Após a morte do referido senhor, várias ocorrências estranhas tiveram vez. Ele se alimentava das vacas até exauri-las completamente de sangue. Apareceu para inúmeras pessoas, inclusive sua própria mulher. Os habitantes da cidade invadiram o cemitério e destruíram seu corpo. Após isso, as aparições e ataques cessaram. Ao que parece, o responsável pelo estado de Cuntius foi um gato que o arranhou antes de morrer. Esse relato teve a Polónia do século XVII como palco.

Na Transilvânia, o professor Emil Petrovici, da cidade de Ohaba, narra a seguinte história passada em 1936: “Um Vampiro (Strigoi) se transformou em um homem jovem e bonito e uma menina jovem se apaixonou por ele. Eles estavam casados, mas a menina também quis um casamento religioso. Ele rejeitou essa idéia. Os pais dela insistiram, e assim ele concordou em ir para a igreja, mas quando saíram de lá, ele olhou de maneira estranha para a esposa, ao mesmo tempo em que arreganhou seus dentes. Ela ficou amedrontada e falou para sua a mãe sobre o ocorrido. A mãe disse, ‘não tenha medo, ele a ama’.” O certo é que o noivo foi apanhado sugando a noiva e foi atirado pela janela.

Na época da Revolução Francesa um homem, Moireve, um nobre, protagonizou após sua morte uma série de ataques vampíricos. Ele havia nascido no Irã e mantido contacto com o extremo Oriente, em especial a Índia, de onde provinha sua esposa (atribui-se o seu vampirismo às origens orientais).
Crianças foram suas vítimas; elas tinham marcas de ataque de vampiro. Durante décadas Moireve executou seus ataques, até que, quase um século após sua morte, seu corpo foi desenterrado, e estava em perfeito estado de conservação. Foi estaqueado e os ataques cessaram.

Em 1928, em uma aldeia da Grécia, um homem chamado Andilaveris tornou-se Vampiro. Decorrida a sua morte, ele começou a aterrorizar as pessoas. Gente da comunidade, coveiros e o padre local o desenterraram e remeteram o cadáver a uma pequena ilha. Mas assim que lá chegaram, o Vampiro despertou e atacou o padre, jogando sobre ele excremento e toda a sorte de coisas pútridas, mas o grupo controlou a situação e o sepultaram na ilha deserta.

Dom Augustine Calmet narra uma carta recebida de um oficial austríaco que servia na Sérvia. Nessa carta, o oficial fala a respeito de uma visita do vice-Rei a Belgrado. O motivo era um caso de vampirismo. Lá chegando, vários parentes do vampiro já haviam sido atacados por ele e mortos.

O Vampiro, que havia sido enterrado três anos antes, estava atacando uma jovem moça. Seu corpo foi exumado a mando do vice-Rei. Como de costume, nos casos de Vampirismo, o corpo estava em perfeito estado. Foi esfaqueado com uma barra de ferro, e através da ferida escorreu sangue juntamente com um fluido branco. Ao ser decapitado com um machado, mais sangue esguichou.

Os casos de catalepsia são uma hipótese para alguns dos corpos exumados, e dessa forma é explicada grande parte da fenomênica encontrada em cadáveres suspeitos de vampirismo. Uma história muito curiosa narrada por Montague Summers refere-se ao inquisidor geral da Espanha. Na morte do prelado, como de costume, este seria embalsamado. O processo tem início na presença de inúmeros médicos.

O cirurgião fez uma incisão profunda no tórax, trazendo o coração até a abertura do corte, mas para surpresa geral o coração pulsou e o Cardeal recuperou a consciência no momento fatal, agarrando a mão do anatomista que segurava o escalpelo. O Vampiro de Highgate é um episódio bastante conhecido. Tudo começou por volta de 1967. Duas adolescentes procuraram Sean Manchester, informando que em sonhos haviam visto mortos retornando à vida, e inclusive uma delas relatou que um ser tentou entrar em seu quarto. Na mesma época, um ser imaterial foi visto vagando no cemitério, à noite, por várias pessoas.

Sean Manchester preside o Vampire Reserch Society, em Londres, onde se localiza o cemitério de Highgate. Uma das adolescentes, de nome Wojdyla, desenvolveu sintomas de ataques de vampiro — isso em 1969. Ela estava com anemia, e com marcas de mordida de vampiro no pescoço. O caso do Vampiro de Highgate ganhou o grande público quando um jornal noticiou que havia um vampiro no cemitério de Highgate.

Esse fato levou até o cemitério centenas de curiosos, propiciando eventos bizarros, exorcismos públicos, filmes, cerimónias satânicas, desmistificações, prisões de caça-vampiros e mais uma infinidade de coisas estapafúrdias. Mas nem por isso o caso Highgate perde seu interesse. Algum tempo depois, uma outra moça estava sendo atacada pelo vampiro, e ela procura Manchester.

Em 1973, o vampiro foi localizado em uma propriedade perto do cemitério, estaqueado e exorcizado. Aparentemente, a história tivera o seu fim, só que por volta de 1980 animais foram encontrados, mortos talvez por um vampiro. Este era fruto do vampiro de Highgate; ele teve o mesmo fim do primeiro, sendo estaqueado e destruído. Relatos de atividades de vampiros surgem em todo o mundo, e alguns bem atuais, como o caso acima.

No final da década de 50, o México aprovou uma lei que obrigava os pais a relatar a morte de crianças atribuída às bruxas vampira, e ao que parece a crença nelas se mantém viva até hoje.

Março de 2001 — berlinense é presa após atacar várias pessoas na rua tentando sugar o sangue de seus pescoços. Ela gritava que era uma vampira sedenta. Ao ser detida, foi colocada em observação, e ali tentou beber o próprio sangue. Suas vítimas foram uma moça de vinte anos, um garçom e uma senhora de oitenta e oito anos que teve o pescoço cortado.

Um caso insólito ocorreu no Brasil, e foi destaque no Mirror de Londres, em 9 de Novembro 1967: uma vampira de mini-saia foi vista na cidade de Manaus. A polícia informou que ela estava deixando a população em pânico. As pessoas que foram suas vítimas a descreveram como uma mulher loira, de mini-saia, usando meias negras. Dois pequenos furos foram encontrados no pescoço, perto da jugular, de uma criança que havia sido sua vítima. Há um relatório de que dos trinta policiais que caçavam a vampira misteriosa, dezassete abandonaram as buscas. Esta narrativa é encontrada no livro Le Livre de L' inexplicable, de Jacques Bergier. Além da narrativa, um paralelo é traçado entre a vampira do Amazonas e as antigas guerreiras amazonas.

A lenda das amazonas é grega. Habitavam o Cáucaso e as fronteiras da Citia, perto do Mar Negro, justamente nas proximidades da maior parte dos casos de vampirismo, ou seja, a Grécia e os países do Leste Europeu. O explorador espanhol Francisco de Orellana foi quem descobriu o rio Amazonas, e não só o rio: ele menciona que se deparou com uma tribo de mulheres guerreiras, e então houve um combate entre espanhóis e as “amazonas”. Seria mais uma história fantástica dos descobridores não fosse um detalhe — as iamuricumá, as mulheres guerreiras que cortavam o seio direito para melhor atirar com o arco. Se for uma coincidência, é uma das maiores que já vi. Pois é idêntico ao que as amazonas gregas, de uma cultura quilómetros e séculos distante daquela das amazonas brasileiras, faziam. O relato sobre elas foi colectado pelos irmãos Orlando e Cláudio Villas Boas diretamente das tribos indígenas.

A ocultista inglesa Dion Fortune menciona em seu livro Psychic Self Defense alguns casos de vampirismo. Em um deles, uma pessoa foi flagrada em ataques de necrofilia — isso teve lugar na Primeira Grande Guerra, na França. Essa pessoa foi presa, mas devido às influências de sua família foi tratada como um caso patológico. Um primo foi cuidar dele, e logo se estabeleceu uma relação entre os dois. O primo foi atacado no pescoço pelo necrófilo, que sugou o sangue do ferimento. Além disso, havia um vampiro morto, ou seja, um morto-vivo, que, para os responsáveis pelo caso, tinha iniciado o necrófilo no vampirismo.

O alvo dos responsáveis foi o morto-vivo, mas como eles não tinham a localização do seu corpo, um iniciado de alto grau prendeu-o dentro de um círculo mágico e o absorveu. Ou seja, o vampiro provou a segunda morte, desligando-se o espírito da Terra. Para Dion Fortune, tratava-se de um praticante de magia negra do Leste Europeu que encontrara a morte no fronte ocidental. Devido às suas técnicas de magia, pôde continuar “vivendo” e, devido ao estado psicológico, o necrófilo era o alvo ideal.

Dion Fortune compila um caso do comandante Gould (1869) a respeito dos Berberlangs das Filipinas. Essas pessoas vão até o campo mais próximo, escondem seus corpos e, saindo em astral, executam seus ataques. O senhor Skertchley (a pessoa de quem o comandante Gould citou as histórias) viu os Berberlangs entrarem em uma habitação, e, no dia seguinte, o morador estava morto sem nenhum sinal aparente.